Fala de Impacto 📢

Fala de Impacto #2: Isabela Garcia sobre estratégias de Governança e implementação de ESG

Não sabe como implementar estratégias de ESG na sua organização? Quer saber como melhorar práticas de Governança, conhecer exemplos e perceber que parceiros estratégicos podem potenciar o impacto positivo criado pela sua empresa? Então, está no sítio certo!

Nesta segunda entrevista da rubrica Fala de Impacto, o tema é Governança e implementação de ESG. Uma conversa, cheia de insights e dicas sobre o que deve ou não fazer quando o assunto é ESG. Imperdível!

A nossa convidada de hoje é a Isabela Garcia

Isabela Garcia é gerente de ESG e Sustentabilidade, com mais de 15 anos de experiência em empresas globais, como a gigante brasileira Natura e, atualmente, responsável por implementar a área de ESG na Puravida. 

Graduada em Economia pela Universidade Estadual de Campinas, com MBA em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas e especialização em Sustentabilidade pela UNICAMP, a Isabela é especialista em impacto ambiental de produto, KPIs de Sustentabilidade, riscos e oportunidades de mudanças climáticas (TCFD), estratégia e governança ESG. 

Leia, agora, a Fala de Impacto de Isabela Garcia!

Como definiria os processos de governança de uma empresa para quem ainda não domina o tema a fundo? Quais seriam os elementos-chave de uma empresa com boas práticas em governança? 

Isabela: O pilar da governança corporativa é o equilíbrio dos interesses de todas as partes, preservando o valor da empresa e sua longevidade, através de uma estrutura com práticas, regras e processos para que a organização atinja seus objetivos de curto, médio e longo prazos. Seus processos envolvem a criação de estratégias, análises, fiscalização, adequação, planejamento e diversos outros fatores para a promoção do  equilíbrio entre a geração de valor da corporação e os seus stakeholders.

Os princípios da governança corporativa são os elementos-chave para uma empresa ter boas práticas: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

  •  A transparência se refere a um relacionamento claro com todos os stakeholders do negócio, na busca de decisões transparentes e objetivos em comum, de modo a garantir maior segurança e solidez para a organização.
  • A equidade garante que todos tenham um tratamento justo na empresa, de modo a considerar suas particularidades, necessidades e expectativas. 
  • A prestação de contas é o maior dever de quem está à frente da empresa, e há a necessidade de que se responsabilize pelas decisões tomadas bem como omissões realizadas;
  • A responsabilidade corporativa busca a longevidade e sustentabilidade da empresa, a partir de seu propósito e objetivos.

Os elementos-chave para boas práticas em governança são tomada de decisão e deliberação ética, baseadas no propósito e valores da empresa; liderança e cultura com a missão dos líderes em promover o propósito da organização e lapidar a cultura interna e os valores de sua identidade corporativa; transparência junto aos stakeholders; programa de Compliance, para garantir a conformidade aos requisitos legais e aplicáveis, através de políticas, procedimentos e diretrizes que conduzam a ação dos colaboradores; mitigação de riscos, a partir da identificação, avaliação e gestão de riscos, para proteger o valor, a imagem e a reputação da empresa.

Qual é a vertente ESG que trabalhou com mais intensidade? Pode dar alguns exemplos de ações realizadas? 

Isabela: Trabalhei 5 anos com impacto ambiental de produto e como as decisões de Marketing e Inovação de lançamentos e relançamentos poderiam ser mais sustentáveis a partir dos produtos da empresa. Com olhar de mudanças climáticas, resíduos e reuso de materiais, uso de insumos biodiversidade e fórmulas mais naturais, coordenava a projeção e análise de impactos ambientais dos projetos de Marketing e Inovação.

Também na vertente ambiental, trabalhei com indicadores de mudanças climáticas e resíduos, a partir da gestão da performance e definição das metas anuais, revisões orçamentárias e planos de ação. Coordenei o mapeamento dos riscos associados às mudanças climáticas e impactos no negócio para tomada de decisão de mitigação e/ou adaptação, com visão dos impactos financeiros (Task Force on Climate-related Financial Disclosures), bem como reporte às auditorias externas e questionários CDP, Dow Jones, ISE, B-Corp, Relatório Anual (GRI), ISO.

Qual foi o principal desafio de governança que enfrentou? Quais os caminhos encontrados para superá-lo? 

Isabela: Sendo a governança corporativa princípios ou mecanismos que direcionam o processo de tomada de decisão das empresas, bem como um conjunto de regras para minimizar problemas e maximizar soluções, se configura como um recurso que traduz os valores da organização para ações concretas de impacto positivo na gestão da empresa.

Diante disso e da minha jornada profissional, os desafios de governança existem tanto em estruturas bem avançadas na agenda de ESG quanto em estruturas ainda incipientes. Talvez o grande desafio seja concretizar os princípios que regem a tomada de decisão, especialmente ligada a questões socioambientais, para que a realização da estratégia de negócio da organização não ultrapasse esses princípios e mecanismos. 

Posso dizer que um dos grandes desafios que enfrentei está na implementação de uma área de ESG, ao mesmo tempo em que toda a estrutura de governança da organização também está em fase de implementação, de modo que boa parte da governança corporativa é, de certa forma, algo novo dentro da empresa. Mas ao mesmo tempo isso fortalece o processo de definição dos princípios e mecanismos que direcionarão a tomada de decisão, além do engajamento dos colaboradores e alta liderança, também em relação à governança dos temas socioambientais. 

O principal ponto é evidenciar para estes públicos a importância desses princípios e mecanismos, seja do programa de Compliance da organização a implementação do Comitê de Sustentabilidade com alta liderança até a questão de transparência que, mesmo sem necessariamente ser uma empresa de capital aberto, as organizações devem buscar junto às suas partes interessadas.

Como escapar de práticas não-recomendadas, como o ESG Washing e Greenwashing, na hora de comunicar as ações da empresa para a sociedade? 

Isabela: O Greenwashing deve ser evitado não só na comunicação das ações da empresa para a sociedade, mas principalmente na estratégia e na gestão ESG da organização. Quando o propósito, os valores e a estratégia da empresa refletem a agenda ESG dificilmente a comunicação das ações para a sociedade sinalizarão práticas de Greenwashing.

Por isso, é muito importante conhecer a rede de fornecedores e as práticas socioambientais da cadeia de suprimentos, bem como contribuir com seu desenvolvimento; alinhar a estratégia ESG e o discurso com os stakeholders, para que todos os públicos contem com a mesma informação; ter práticas ESG consistentes com as boas práticas de mercado, requisitos legais e recomendações aplicáveis; a busca por certificação de boas práticas em ESG também é uma excelente alternativa para atestar os mais altos padrões de boas práticas ESG; ter uma boa estrutura de governança a fim de garantir transparência e maior proximidade com os stakeholders.

Fundamental também é a participação da área de ESG não só na criação de conteúdos de comunicação interna e externa, seja do ponto de vista institucional ou de produto, mas também com atuação transversal na organização, para garantir práticas de fato sustentáveis e evitar o Greenwashing em diversos aspectos, não só na comunicação com a sociedade.

Na sua opinião e vivência, de que forma as políticas de ESG impactam na redução de riscos nas empresas? 

Isabela: Os riscos de ESG possuem atributos materiais que impactam o valor a longo prazo das empresas e, ao mesmo tempo, são difíceis de quantificar. As políticas e ações de ESG buscam promover a conformidade da empresa com requisitos legais e aplicáveis e contribuem com a mitigação de riscos socioambientais, a fim de evitar a corrosão do valor da empresa, através da mitigação e redução desses riscos.

O papel da governança corporativa é fundamental para atender o interesse dos acionistas, com responsabilidade e olhar de longo prazo. Mas devemos considerar também todos os stakeholders, através da transparência e da relação clara entre criação de valor de longo prazo e retorno financeiro. Importante ressaltar que com governança corporativa e um olhar para os riscos ESG, as ameaças se tornam menos perigosas pela preparação, mitigação e contingência da empresa. Se faz necessária a integração de ESG nos processos e na estratégia da empresa, para entender o que é necessário implementar, melhorar e/ou manter, bem como para tomada de decisão consciente também da alta liderança. 

Os riscos ambientais e sociais são uma realidade para as companhias. E é preciso levar em conta também os impactos indiretos que as questões socioambientais, dado que provavelmente será muito maior na medida em que as preferências dos consumidores migrem para produtos e empresas social e ambientalmente mais responsáveis. É através do olhar ESG que os investidores devem entender os riscos e as oportunidades de negócio. Isso pode ser feito via matriz de materialidade, para inclusão de avaliação do impacto potencial dos fatores de ESG no modelo de negócios de longo prazo e a resiliência das empresas para se adaptarem a essas mudanças. 

Acredita em parcerias para potenciar o impacto positivo causado pelas empresas? Quem seriam estes parceiros estratégicos essenciais? 

Isabela: A atuação das empresas em prol de um sistema mais equitativo e regenerativo para as pessoas e o planeta deve sempre considerar seus principais stakeholders (investidores, conselho, colaboradores, consumidores, fornecedores, ONGs, entre outros a depender da atuação de cada cia). Dessa forma, já há uma potencialização do impacto positivo em rede inerente à atuação mais sustentável das empresas, seja em menor ou maior escala.

Ainda assim, acredito que essa atuação em rede, pode ser potencializada com parcerias de diversas formas. As empresas têm hoje amplas oportunidades de participação em associações regionais, nacionais e internacionais (como o Pacto Global, da ONU por exemplo), para troca de conhecimento e experiências em prol de uma agenda de ESG. A realização de benchmarks entre empresas e instituições e até mesmo entre profissionais contribui muito para a aceleração do impacto positivo causado pelas empresas. Movimentos de certificação em Sustentabilidade também contribuem, tendo em vista a criação de padrões nacionais e internacionais que validam as boas práticas nas organizações. Mas principalmente parcerias com outras empresas e fornecedores para desenvolvimento de novos produtos e serviços, bem como processos mais sustentáveis, além de consultorias de Sustentabilidade que ajudam as empresas a trilhar melhor este caminho, bem como parcerias junto à sociedade tem efeito exponencial na agenda positiva. 

Para além de parcerias, entendo que é papel de todos nós, como membros da sociedade e indivíduos que habitam o planeta, que nosso impacto também seja positivo, para além das ações das empresas, instituições civis e governos. 

Quer saber mais sobre a agenda do momento e aprender como incorporar o S de ESG na sua empresa? 

Descarregue o nosso Guia Completo ESG e conheça os 5 caminhos a seguir! 

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